As tetas do dinheiro público voltam a jorrar na Serra: políticos garantem aumento de até 40%, enquanto salário mínimo sobe apenas R$ 92
Com aval do Tribunal de Contas, prefeito e secretários garantem reajuste de até 40%, enquanto o povo se contenta com um aumento de R$ 92 no salário mínimo e segue elegendo os mesmos políticos
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O dinheiro público mais uma vez toma o caminho dos gabinetes, enquanto a população assiste, resignada. O Tribunal de Contas do Espírito Santo (TCE-ES) revogou a suspensão dos aumentos salariais para prefeito, vice e secretários municipais da Serra, garantindo reajustes que chegam a R$ 6.247 por mês.
Enquanto isso, o trabalhador brasileiro precisa se contentar com um aumento de apenas R$ 92 no salário mínimo, valor que mal cobre a alta dos preços no supermercado. A revolta se manifesta momentaneamente nas redes sociais, mas, na prática, o jogo continua o mesmo: os políticos seguem sendo reeleitos, os privilégios se perpetuam, e a população segue pagando a conta.
Números que falam por si: aumento para poucos, sacrifício para muitos
A Câmara Municipal da Serra aprovou os reajustes salariais no final de 2024, elevando os vencimentos das principais autoridades do município. Veja os novos valores:
Em contraste, o salário mínimo subiu de R$ 1.412 para R$ 1.504, um acréscimo de R$ 92, insuficiente para acompanhar a inflação e os custos crescentes de itens básicos.
O então chefe do Executivo, Sérgio Vidigal (PDT), sancionou a medida antes de deixar o cargo, conforme publicação no Diário Oficial do Estado em 30 de dezembro de 2024.
Tribunal de Contas recua e libera aumentos
Inicialmente, o Tribunal de Contas do Espírito Santo havia barrado os reajustes, alegando possíveis irregularidades. No entanto, a decisão foi revertida, pois não havia respaldo jurídico para manter a suspensão. Sem base legal para continuar bloqueando os aumentos, o TCE-ES foi obrigado a liberá-los, permitindo sua entrada em vigor imediatamente.
Um dos pontos mais polêmicos da medida é que a Câmara Municipal aprovou o projeto sem apresentar um estudo sobre o impacto financeiro da decisão. Em dezembro de 2024, dos 23 vereadores, 17 votaram a favor, sem votos contrários ou abstenções.
A Serra não está sozinha: outros municípios capixabas, como Vila Velha, Cariacica, Piúma, Água Doce do Norte e São José do Calçado, também garantiram reajustes para seus políticos.
A indignação passageira e a responsabilidade do eleitor
A cada novo escândalo político, a revolta explode nas redes sociais, mas logo é esquecida. O ciclo se repete eleição após eleição: os mesmos políticos voltam ao poder, os privilégios aumentam, e a população segue à margem das decisões.
A verdade incômoda é que o eleitor tem participação direta nesse cenário. É ele quem ignora escândalos, aceita promessas vazias e, muitas vezes, vende seu voto por favores e cestas básicas. Enquanto o brasileiro não entender que política se decide nas urnas – e não em memes de internet – os privilégios continuarão concentrados no topo, e o sacrifício seguirá sendo de muitos.
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