Casagrande e Vidigal: aliança administrativa ou projeto eleitoral?
Com cargo estratégico no governo estadual, ex-prefeito pode ser peça-chave nas próximas eleições
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A nomeação de Sérgio Vidigal como secretário de Estado de Desenvolvimento do Espírito Santo não foi apenas um movimento administrativo, mas também uma jogada política de impacto. Ex-prefeito da Serra e figura influente no maior colégio eleitoral do estado, Vidigal agora está ainda mais próximo do governador Renato Casagrande. Essa aliança pode ser determinante para as eleições de 2026, seja para fortalecer um possível sucessor de Casagrande ou até pavimentar um caminho para novas ambições políticas do próprio governador.
Saída da disputa eleitoral e movimentação estratégica
Em março de 2024, Vidigal surpreendeu ao anunciar que não concorreria à reeleição na Serra. Oficialmente, sua justificativa foi a necessidade de se dedicar mais à família, especialmente à sua esposa, Sueli Vidigal, que enfrentava um câncer. No entanto, sua saída abriu espaço para movimentações estratégicas no tabuleiro político capixaba.
Em vez de disputar, Vidigal lançou como sucessor seu chefe de gabinete, Weverson Meireles, garantindo a continuidade de seu grupo político na prefeitura. A decisão também impactou alianças partidárias, dando ao PSB, partido de Casagrande, maior liberdade para articular um candidato próprio na cidade.
Poucos meses depois, Vidigal foi nomeado secretário de Estado de Desenvolvimento, assumindo um cargo de grande relevância no governo estadual. A mudança levanta questionamentos sobre se sua retirada da disputa municipal foi, de fato, uma decisão exclusivamente pessoal ou parte de uma estratégia para ampliar sua presença na política capixaba sem os riscos de uma eleição direta.
A Serra como peça-chave nas eleições de 2026
A Serra é o maior colégio eleitoral do Espírito Santo, com mais de 300 mil eleitores, e tem um peso determinante nos resultados políticos do estado. Vidigal, que governou o município diversas vezes, mantém uma base eleitoral forte e consolidada. Sua presença ao lado de Casagrande pode ser um trunfo para fortalecer o atual grupo político e dificultar o avanço da oposição.
Com o governador em seu segundo mandato, a movimentação de 2026 ainda é incerta. Casagrande pode apoiar um sucessor ao governo, disputar o Senado ou até mesmo tentar uma articulação nacional. Ter Vidigal como aliado, ocupando um cargo estratégico, pode garantir votos essenciais e facilitar acordos políticos futuros.
Aliança administrativa ou projeto eleitoral?
Embora a nomeação de Vidigal tenha sido justificada por sua experiência na gestão pública, o impacto político desse movimento é inegável. A Secretaria de Desenvolvimento tem um papel fundamental na atração de investimentos e na geração de empregos, setores que podem ser explorados politicamente para fortalecer sua imagem e, consequentemente, a do governo Casagrande.
A grande questão é se essa aproximação será traduzida em apoio eleitoral direto e votos. Isso dependerá do desempenho de Vidigal à frente da pasta e da aceitação dessa aliança pela população capixaba nos próximos anos. O fato é que, ao trazer Vidigal para seu governo, Casagrande não apenas fortaleceu sua equipe, mas também criou um novo cenário político que pode ser determinante para o futuro do Espírito Santo.
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