Jota Silva
"Segurança Pública na Serra: Entre Promessas e Desilusões, a Crise que se Agrava"
"O prefeito Everson Meirelles, ao quebrar compromissos eleitorais, coloca em risco tanto a integridade dos agentes da Guarda Civil Municipal quanto a segurança da população da Serra."
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A crise que envolve a segurança pública na Serra não é apenas uma questão de falta de recursos ou de uma promessa não cumprida. É um reflexo claro da desconexão entre discurso e prática política, entre as expectativas criadas na campanha eleitoral e as duras realidades da gestão pública. O recente pronunciamento do vereador da cidade expõe, de maneira indiscutível, os descompassos entre o que foi prometido na campanha e a atual gestão de Everson Meirelles. As consequências dessa falha de comunicação e de compromisso são dramáticas, e não se limitam aos mais de 130 agentes da Guarda Civil Municipal que aguardam nomeação; afetam, diretamente, a segurança e a qualidade de vida de todos os cidadãos da Serra.
Promessas Eleitorais: A Falha no Cumprimento
Durante a campanha de 2020, a promessa de dobrar o efetivo da Guarda Civil Municipal e reestruturar a segurança pública foi uma das mais evidentes. "Garantir a segurança e ampliar a Guarda Civil Municipal", dizia o então candidato Everson Meirelles, que baseava sua proposta em um orçamento aparentemente garantido, conforme vídeos e gravações do período eleitoral. No entanto, a realidade, pouco mais de dois anos depois, é outra.
A gestão de Meirelles, ao não nomear todos os aprovados no concurso de 2021, não apenas traiu essas promessas, mas também desconsiderou a gravidade da situação da segurança pública na cidade. Os números são alarmantes: de 150 candidatos aprovados, apenas 50 foram chamados até agora, deixando 138 agentes formados, com empregos antigos já abandonados, em um limbo. Uma decisão que soa como uma manobra política ou, no mínimo, uma demonstração de falta de capacidade administrativa.
O Impacto no Campo Social e Profissional
Os reflexos dessa falha são profundos. O discurso de que "não há orçamento" para nomear os novos guardas não é apenas uma desculpa política frágil, mas uma confissão de incapacidade. A Serra está enfrentando uma escassez de agentes nas ruas, com apenas uma ou duas viaturas para patrulhar toda a cidade. Em pleno 2023, falar em "limitações orçamentárias" para atender à segurança pública soa como uma afronta à realidade dos cidadãos que vivem com o medo constante da violência.
Mais preocupante ainda é a situação dos próprios agentes da Guarda Civil Municipal. O vereador relatou, com indignação, o caso de um guarda com braço enfaixado, que não podia tirar licença médica por medo de perder benefícios decorrentes das escalas especiais. A situação desses profissionais é insustentável: eles trabalham jornadas de até 18 horas, com escalas especiais, e não podem sequer adoecer sem sofrer punições financeiras. Isso não é apenas uma violação dos direitos trabalhistas, é uma afronta ao próprio conceito de dignidade humana.
O que vemos, portanto, é um quadro que mistura negligência, promessas eleitorais não cumpridas e a total falta de planejamento para reestruturar a segurança pública de forma realista e eficaz. Agentes da segurança pública são tratados como números, como peças descartáveis, e não como seres humanos que enfrentam riscos reais no cotidiano.
A Falsa Retórica da Segurança
A retórica que permeia o governo de Everson Meirelles, especialmente em relação à segurança pública, precisa ser questionada com urgência. A promessa de reestruturar a Guarda Civil Municipal e ampliar o efetivo foi uma das bandeiras mais fortes de sua campanha, mas se transformou rapidamente em uma ilusão. Se por um lado a segurança da cidade exige ação rápida e decidida, por outro a ineficiência do prefeito, ao adiar constantemente a nomeação dos aprovados, sinaliza um governo incapaz de lidar com um dos maiores desafios urbanos do município.
A questão da segurança não é apenas uma questão política, mas uma questão de gestão. O prefeito Everson, ao não cumprir suas promessas, joga uma luz negativa sobre sua própria capacidade de liderar. Em sua gestão, a falta de ações concretas na segurança pública não é apenas um erro de gestão. É uma falha de compromisso com os cidadãos, com os guardas que confiaram no processo seletivo e, principalmente, com a própria cidade da Serra.
A Questão do Orçamento: Uma Resposta Insuficiente
A alegação de falta de orçamento não resiste a uma análise mais profunda. Se durante a campanha foi dito que o orçamento estava garantido, e que os novos agentes seriam imediatamente nomeados, onde estão os recursos? A decisão de deixar os novos guardas em casa enquanto a cidade se afunda cada vez mais em um cenário de insegurança parece ser uma escolha deliberada, não uma necessidade orçamentária. As promessas feitas foram abandonadas sem que o prefeito oferecesse uma solução viável ou transparente para a população.
Além disso, a recente onda de crimes, incluindo assaltos em plena luz do dia em áreas monitoradas, expõe ainda mais a fragilidade da segurança pública da cidade. A resposta do governo é clara: não há planejamento para a segurança e não há compromisso com a população.
O Caminho Adiante: A Indignação Popular
A cobrança está lançada. O prefeito Everson Meirelles tem, no mínimo, duas opções: reconhecer suas falhas, pedir desculpas e agir com urgência para efetivar as nomeações dos novos guardas, ou continuar a empurrar a responsabilidade para a frente, em um jogo de palavras e promessas vazias. Acredite, a população da Serra não aceitará mais retóricas vazias. O que está em jogo é a confiança de quem o elegeu.
A resposta da população será o termômetro do futuro político de Meirelles. A indiferença ou a incompetência diante de um problema tão grave poderá ter um preço alto nas urnas. Para os novos guardas, o tempo de espera já passou. Eles merecem respeito, e a cidade precisa de ação. Até quando o prefeito se esconderá atrás da desculpa do orçamento e das promessas vazias?
Agora, é a vez dos cidadãos se posicionarem. Eles têm as ferramentas para mudar o rumo dessa história.
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